Descobertas, reencontos e sucesso

Olá, me chamo Maria de Fátima Barbosa, sou Pedagoga, com Formação em Dinâmica de Grupos e Relação Humana, Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica, MBA Executivo em Gestão de Pessoas, Mestre em Ciências da Educação e, atualmente, Formanda em Pedagogia Sistêmica. Moro em João Pessoa / PB.
Trabalhei anos como educadora Polivalente, compartilhando saberes com crianças (educandos) de zero a cem anos, ou seja, do primeiro ao quinto ano e EJA. Nesse contexto educacional sempre experienciei a convivência de crianças com vínculos familiares rompidos. Então, para dar conta dessa demanda, eu também precisava ser cuidada: pois, assim como eles, eu também tinha minha história de vida. Daí a busca pelo autoconhecimento nas diversas abordagens da psicologia, o que fazia me sentir forte, capaz de ver e aceitar o outro com sua história. Nessa época eu nunca tinha nem ouvido falar em Pedagogia Sistêmica, nem muito menos em Bert Hellinger.
No entanto, eu já conseguia fazer a diferença no meu trabalho educacional enfatizando a EMPATIA, pois, já trazia na minha essência o olhar de amorosidade com meus educandos. Ao sair da sala de aula fui para área técnica na supervisão escolar junto aos educadores, durante quatorze anos. Nesse período, o maior desafio era sensibilizar o educador que ainda não conseguia lidar, de forma amorosa, com os educandos que tinham dificuldades na aprendizagem – ou seja, havia uma sensação de impotência dos educadores em relação à situação. Como supervisora sempre estive ao lado do educador para dar apoio pedagógico e procurava fazer o possível para encontrar a melhor forma de ajudar as partes, tanto individualmente como no coletivo. Contudo, às vezes tinha uma sensação que faltava algo mais, para alcançar o objetivo.
Certo dia eu vi, em algum meio de comunicação, um informativo sobre o curso de Pedagogia Sistêmica que iria acontecer numa turma em Natal/RN, capital do estado vizinho a João Pessoa. Daí eu afirmei para mim: vou fazer esse curso. Busquei informação com a pessoa que estava organizando a turma – professora Janaína e, logo em seguida, passei a convidar várias colegas para fazer a formação. Na verdade, o campo vibracional sistêmico já estava formado positivamente para tudo acontecer. Confesso que não tenho como explicar por meio de palavras, porque tudo reverberava. Daí chegou o momento de receber o presente: eu estava pronta para apreender os novos conhecimentos que o universo me proporcionava.
No ano de 2019 tive a oportunidade de iniciar uma formação na Pedagogia Sistêmica, com a professora Hellen Vieira da Fonseca, numa turma com 18 participantes, em Natal/RN. Quero enfatizar que no primeiro dia de aula percebi que algo novo desabrochava em mim, pois várias janelas se abriram e naquele momento senti, na minha essência, que precisava olhar com carinho e amorosidade o que estava por trás dessas janelas. Mas cautelosamente seguimos na formação. Foram dois dias impactantes. Parecia que a cada movimento vivenciado algo novo renascia do inconsciente. Para minha surpresa descubro que o momento era de encontro com minha origem, com meus pais biológicos, toda minha ancestralidade materna e paterna, ou seja, minha criança renascia de forma consciente. Naquele momento eu tomava a vida de minha mãe Raimunda Ribeiro e meu pai Valfredo de Paiva Cavalcante, me sentia pertencente.
Segundo Bert Hellinger, desde os primórdios da humanidade, há três princípios naturais importantes que devem ser levados em consideração, que são as leis: “pertencimento, equilíbrio e ordem”. O primeiro princípio – pertencimento: todos nós pertencemos, temos um lugar. Algumas faltas muitas vezes ficam na memória transgeracional, o que gera a infelicidade, um vazio existencial, isso está ligado a alguma exclusão sistêmica. O segundo princípio é o do equilíbrio, da justiça, que está relacionado ao dar e receber: a pessoa bem agradecida, próspera, recebe muitas coisas da vida. A única coisa que só recebemos e não podemos dar na mesma proporção é a vida, que tomamos de nossos pais. O terceiro princípio é o da ordem, da obediência, reverência, respeito, disciplina: quando há violação de algum desses princípios gera dor e sofrimento.
Então, a partir desses conhecimentos na visão sistêmica, a minha vida tomou outro rumo para o mais. Reconhecer a própria origem na sua essência é o ponto de partida para o sucesso pessoal, espiritual, socioemocional e profissional. Enquanto profissional da educação eu estava encantada e impactada com tudo que estava vivenciando na formação, pois tinha certeza que minha prática pedagógica ganhava outro olhar, porque eu percebia que minha postura interna estava a despertar. A educação sistêmica não se detém a novas metodologias ou novas técnicas pedagógicas. Ela é, por excelência, uma nova postura, trata-se de uma postura interna, uma forma de ver e se colocar na vida. Foi exatamente o que aconteceu comigo. Tenho vivenciado todos os dias essa mudança de postura pessoal a qual se estende a minha prática profissional.
É com muito prazer e emoção que relato uma experiência única, vivenciada no decorrer do ano de 2019, com educandos do 6º ano da escola Professora Lina Rodrigues do Nascimento, situada na comunidade quilombola do Gurugi/Ipiranga, município de Conde/PB, onde trabalhava como supervisora escolar. Havia um projeto de leitura fluente, na rede municipal, que tinha como objetivo desenvolver a fluência com todos os educandos do Fundamental I (1º aos 5º anos), todos do 6º ano, (fundamental II), que tinham dificuldades nessa área da leitura. Eu trabalhava com educandos do 6º aos 9º anos e, então, comecei o processo de leitura com todos os setenta e cinco educandos, das três turmas dos 6º anos. Foi um trabalho lindo, porque eu levei o olhar sistêmico (de acolhida, de inclusão dos pais no meu coração, aceitação, amorosidade), visto que a Pedagogia Sistêmica é um caminho de ressignificação e amor.
Algumas frases sistêmicas apresentadas na Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação IHVF, com base nos ensinamentos de Bert Hellinger, que fizeram a diferença na acolhida, no processo do ensino aprendizagem junto aos educandos, partilho aqui a título de exemplo. “EU VEJO VOCÊ”; “EU VEJO A FORÇA DE SEUS PAIS EM VOCÊ”; “EU INCLUO ESSA FORÇA NO MEU CORAÇÃO”; “VOCÊ FAZ PARTE DESSE ESPAÇO”; “AQUI VOCÊ TEM UM LUGAR” “EU OLHO PARA ONDE VOCÊ OLHA QUANDO NÃO FICA NO SEU LUGAR”. Além do mais, fiquei na postura de educadora, lembrando que cada um deles dava conta da sua leitura. O efeito foi impactante, o que se comprova no livro de FONSECA (2018). No segundo mês eles me pediam para tomar a leitura, sentiam prazer em ler, sem medo de errar, sem estresse e de forma prazerosa. No final do ano todos estavam lendo fluentemente.
VIEIRA (2019) enfatiza que tendo como base a inclusão, a Pedagogia Sistêmica torna-se uma aliada às metodologias de ensino; torna-se possível a partir de uma postura interna do professor – a postura aqui está relacionada ao como e onde colocamos nosso coração quando fazemos algo. Reafirmo que esse relato é apenas uma síntese em relação a outras experiências que tenho vivenciado no contexto educacional com educandos e educadores. Tem surtido efeito também no contexto familiar – algo inesperado tem acontecido.
Portanto, só tenho a agradecer à Pedagogia Sistêmica por ter me proporcionado esse conhecimento que vem trazendo para mim tantas descobertas e redescobertas, influenciando positivamente tanto a minha vida profissional quanto a pessoal. Minha gratidão a meus pais, que me deram a vida, a qual já estava programada, acredito. Gratidão aos meus pais adotivos que cuidaram e me encaminharam na vida. Gratidão ao meu primeiro professor que me ensinou as primeiras letras e primeiros números – meu pai adotivo – que amorosamente cantava as letras e números para que eu aprendesse com prazer. A cartilha de ABC e a Tabuada foram a minha base. Em nome dele reverencio todos os outros professores que fizeram e fazem parte desse processo de ensino aprendizagem em minha vida.
Maria de Fátima Barbosa, Natal-RN, 2019.
Bibliografia:
Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação com base nos ensinamentos de Bert Hellinger
FONSECA, Hellen Vieira da. As aventuras da professora Tina-Bonecos de Força. Editora Editar e Artes Brasília, 2018.
VIEIRA, Jean Lucy Toledo. Introdução à Pedagogia Sistêmica: uma postura para pais e educadores. Mato Grosso do Sul: Life Editora, 2018.