A minha história com a Pedagogia Sistêmica

Minha história com a pedagogia sistêmica começa muito antes dos nossos encontros presenciais e de uma forma que demonstra que as coisas não acontecem por acaso, elas acontecem quando tem que acontecer.
Era uma quinta-feira, fim de tarde, cheguei do trabalho de ônibus e parei na casa da minha avó. Após pedir sua benção, disse que precisava ir até o caixa eletrônico de um banco da cidade. Quando estava chegando, avistei uma antiga professora de português, de ensino fundamental, acompanhada de seu esposo. Eram a Cinthia e o Thiago.
Por educação e amizade de longa data, dei um grito a fim de cumprimentá-los e eles corresponderam. Depois de uma longa conversa, visto que não nos encontrávamos a um bom tempo, contei que estava lecionando na Universidade Metodista de Piracicaba- UNIMEP, no curso de direito, várias matérias, dentre elas, a disciplina de mediação e conciliação.
Nesse momento, a Cinthia perguntou se eu já havia ouvido dizer sobre Pedagogia Sistêmica e constelação familiar. Devido a minha resposta negativa, ela começou a me contar de um curso que ela estava fazendo em uma cidade próxima, sobre Pedagogia Sistêmica que, apesar de ser voltado para professores, também era muito procurado por juízes, promotores e advogados. Sua ânsia em falar e relatar o que ela já tinha vivenciado no curso e os efeitos que ele havia ocasionado em sua vida particular, colocou uma pulga atrás da minha orelha. Ela estava tão empolgada que ela me contou que estava trazendo o curso para a sua escola, a iniciar naquele fim de semana, com uma pessoa mais que especial, aquela que ela caracterizou como uma pessoa excepcional, espetacular e iluminada, Helen Vieira da Fonseca. Nesta oportunidade ela me convidou para fazer o curso e que seria uma ótima oportunidade para ampliar horizontes, principalmente pelo fato de que o curso dar-se-ia na escola em que tinha passado 8 anos da minha vida, da primeira a oitava série.
Depois de quase meia hora de conversa, despedimo-nos e quase fui embora sem utilizar o caixa eletrônico. Ao chegar em casa, contei para minha mãe sobre quem havia encontrado e sobre o que conversamos. Minha mãe, uma pessoa muito a frente do seu tempo e minha impulsionadora quando o assunto é especializações, não teve dúvida ao afirmar: Angelina, é uma chance! Aproveite e faça esse curso.
No outro dia mesmo, enviei uma mensagem para a Cinthia para confirmar minha participação.
A partir desse momento, eu, como sofro por antecipação, estava muito angustiada por não saber quem poderia encontrar, o que seria passado e que tipo de dinâmica seria passado, já que, apesar de ser muito extrovertida em alguns momentos, sou muito tímida e tenho muita dificuldade em trabalhar no coletivo.
No primeiro fim de semana do curso, deparei-me com quase 20 pessoas, entre elas, professoras, psicopedagogas, diretoras e coordenadoras de escola infantil. Na minha cabeça já veio a mensagem: o que você está fazendo aqui, Angelina?
Assim que as pessoas foram se apresentando, fui percebendo que cada uma que estava ali tinha um propósito, muitas delas, acreditem, sonharam e muito com essa oportunidade, isto é, com o curso e especialmente, com aquela professora, de forma que estavam se deslocando de outras cidades para ali estarem. A partir dessas histórias fui percebendo que minha mãe estava certa: era uma chance que estava tendo.
Quando chegou minha vez, contei toda a minha trajetória escolar e contei como ali tinha chegado, pela relatoria da história contada acima.
Bom, o curso começou. A professora se apresentou e mostrou como seria a dinâmica de nossos encontros e uma das frases que me chamou atenção era: não faça os exercícios com os alunos sem a intenção alguma.
Quando o primeiro fim de semana de curso terminou, fui para casa, meio irritada, confesso, porque eu ficava me perguntando: como eu vou aplicar o que era passado a alunos de graduação, que precisam cumprir ementa de disciplina e que só querem passar na OAB? Minha preocupação era aplicar o que havia aprendido no curso. Para mim, tudo que eu aprendo, preciso saber como aplicar e para que isso vai me servir e naquele momento eu não entendia como aquele curso iria me ajudar.
om, o tempo passou e o final do segundo semestre de 2019 da faculdade terminou. Era uma quarta-feira, aula de ética profissional, com a turma do décimo semestre, ou seja, última aula de uma turma que nunca mais iria encontrar em sala de graduação. No fim da aula, passei um vídeo que tinha como tema ‘Sucesso’, após a sua visualização, agradeci aos poucos alunos que ali estavam da oportunidade de ter aprendido com eles durante aquele semestre; desejei que fossem felizes no que dali pra frente escolhessem, mas fiz um pedido: pratiquem o respeito com o outro, independentemente do que fizessem, mais uma vez, fiz um apelo a humanização daqueles que lidam com pessoas, da importância de se tratar o outro como um igual.
Ao final da minha fala, um aluno que quase não frequentava às aulas pediu a palavra. Nesta oportunidade, ele disse: professora, eu sei que eu não frequentei muito as suas aulas, mais faltei do que vim, por questões diversas, mas eu queria agradecer pela sua disposição em sala de aula e mais do que isso, você foi a única professora que nos enxergou como iguais.
Neste instante, minha mente parece que deu um ‘tilte’ e pensei: não acredito que o que a Hellen falou se concretizou. Meu mundo parou por uns 5 minutos. Eu me falava inconscientemente: eu consegui aplicar o que a Hellen ensinou, não acredito que eu consegui! Inconscientemente eu estava aplicando as leis do amor em sala de aula, isso mesmo, com pessoas mais velhas do que eu, em um ambiente de graduação e em um curso de direito, isso mesmo, eu tinha conseguido!
Meu coração se encheu de gratidão, amor e tudo o que de sensação boa existe neste mundo, pela minha história, pela minha família, pelas oportunidades, pelos meus alunos e pela Helen Vieira da Fonseca. A partir desse momento me dei conta: se o curso fizer sentido para mim, fará eco aos que estão em minha volta.
O que eu aprendi com tudo isso que acabei de relatar?
– nada acontece por acaso;
– aproveite as oportunidade que a vida lhe oferece;
– tudo o que você faz, faça para e por você;
– faça tudo sem intenção;
– respeite a história e a família do outro;
– sempre diga, internamente: Eu vejo você; Aqui, você tem lugar; Eu respeito a sua história.
Obrigada, DEUS
Obrigada pai, mãe e Paulina, minha irmã
Obrigada vó Carmela, vó Ivone, vô Paulo, vô Osório
Obrigada Tereza, Angela, Juliane, minhas tias
Obrigada Lais, Beatriz, Natalia, Rubens, Maitê, meus primos
Obrigada, Cinthia e Thiago
Obrigada, Helen Vieira da Fonseca
Quem sou eu?
Sou Angelina Cortelazzi Bolzam, filha primogênita de Nivaldo José Bolzam e Paula Ivone Cortelazzi Bolzam; neta primogênita de Osório Luiz Bolzam e Carmem da Cruz Martim Bolzam, meus avós paternos e neta primogênita de Paulo Delfino Cortellazzi e Ivone Severino Cortelazzi; irmã de Paulina Cortelazzi Bolzam; sobrinha primeira de Angela Lídia Cortelazzi, Tereza Delfina Cortelazzi e Juliane de Fátima Cortelazzi e prima de Laís Cortelazzi Porta, Beatriz Cortelazzi Porta, Natalia Cortelazzi Roncato, Rubens Cortelazzi Roncato e Maitê Cortelazzi Defavari.
Sábado de Aleluia
Angelina Cortelazzi Bolzam, Rio das Pedras, 2020.
Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação/IHVF