Compartilhando vivências através da conexão do amor: uma experiência com a Pedagogia Sistêmica
Resumo
Relatar as experiências vivencias durante atividades de intervenção realizadas com jovens de uma instituição de ensino particular. Um estudo descritivo, relatos de experiência. As atividades foram desenvolvidas com alunos do Ensino Fundamental Anos Finais, do sexto ao nono ano, em uma instituição de ensino particular localizada na cidade de Rio das Pedras/SP. Percebeu-se que ao apresentar a atividade proposta aos alunos em uma escola envolve vários processos e “descobre-se”: medos, inseguranças, dificuldades de aprendizagem, falta de relacionamento familiar, e quantos outros, tanto em relação aos pais, quanto aos professores e alunos. Adentrar-se às práticas da pedagogia sistêmica nos permite entender e conhecer um pouco mais quem somos nós e de onde viemos, é estudar, aprender e respirar o amor e a essências da nossa família.
Introdução
A pedagogia sistêmica é uma nova forma de olhar e explicar o processo educativo, que pressupõe que na aula interagem o professor, os alunos e a escola, todos com suas histórias específicas, suas origens, seus valores e suas normas.
O que a Pedagogia Sistêmica tem mostrado com muita clareza é que, quando o sistema de ensino permite, reconhece e valoriza a presença invisível e permanente do sistema familiar da criança no dia a dia escolar, uma nova possibilidade de educação e desenvolvimento surge no aluno, com resultados poderosos e surpreendentes.
Desta forma, foram mediadas as atividades com os alunos do Ensino Fundamental Anos Finais, com uma proposta simples e clara que convidou e reconheceu o grande componente interno de cada um para o seu processo de desenvolvimento. Durante esse processo, foram explicas todas as atividades de maneira detalhada dando à eles exemplos “concretos”, ou seja, do(a) próprio(a) professor(a) que ministrou e realizou os tais exercícios, como: A professora explicou de maneira simples a figura do boneco de força, dando à eles exemplos de sua própria vivencia, explicando seus sentimentos ao realizar a atividade, bem como suas expectativas e reações. Uma outra atividade que fora proposta aos mesmos alunos, foi a atividade do fotograma, cuja mesma fora adaptada para a faixa etária dos alunos.
Descrição
Ordem da vida
Inicialmente, fora aplicado a ordem da vida, onde todos os alunos foram colocados em seus devidos lugares, mostrando à eles que a ordem é necessária e precisa para uma boa convivência em grupo, principalmente em sala de aula. As suas carteiras foram disponibilizadas em sala de aula em forma de U colocando-os em ordem cronológica, a ordem da vida (do mais velho para o mais novo).
Em um primeiro momento, os alunos acharam engraçado, alguns até começaram a se recusar a sentar-se dessa forma, mas ao verem os demais e perceber que ali estavam confortáveis, acabaram aceitando seus lugares, com certas restrições como: “levantando-se a todo momento, incomodando ao outro, etc.” Até então, perceberem que ali era o seu devido lugar, sem restrições, sem julgamentos, simplesmente cada um aceitando o seu lugar.
Bonecos de força
A atividade do livro As Aventuras da Professora Tina: Bonecos de Força (FONSECA, 2019) foi realizada com os alunos do Ensino Fundamental Anos Finais do sexto ao nono ano. Primeiramente, a professora explicou aos alunos o que seriam os bonecos de força, mostrou-lhes suas representações dando a eles o exemplo de sua prática e vivência no curso de pedagogia sistêmica. Ao explicar a eles a intenção do boneco de forças, a professora mostrou os seus bonecos, a sua representação. Com isso, explicou-lhes o passo a passo da atividade. Durante o exercício, a professora fora dizendo palavras motivadoras, reflexivas e lhes pediu permissão para fotografá-los enquanto realizavam a atividade. Ao caminhar na sala enquanto os alunos realizavam o exercício, a professora notou que alguns de seus alunos não queriam representar seus pais, diziam que pelo fato de não terem contato ou simplesmente por não querer, outros nem motivos deram, apenas afirmaram que não queriam. Ao se deparar com isso, a professora insistiu e explicou-lhes que mesmo não tendo contato ou por não querermos representar os nossos pais, mesmo assim eles são nossos pais, com todas as suas características, defeitos, jeitos, manias e costumes e que assim de qualquer forma devemos respeitá-los. Mesmo com toda a insistência e explicação ainda assim, havia aquele que não queria representar. A professora deixou, e pediu para que ele(a) respirasse e deixasse sentir em seu coração o que lhe faria melhor. Ao final, o aluno cedeu e representou seu pai, como deveria.
Ao término da atividade, a professora colocou uma música linda, calma e profunda. Ao ouvirem a música, a professora solicitou que todos ficassem em pé, respirassem o amor de seus pais e andassem pela sala apresentando-lhes aos seus amigos. Para o andamento da atividade a professora iniciou a segunda parte do exercício, perpassou aluno por aluno apresentando-lhes a sua família. Foi uma experiencia incrível, em que todos participaram de maneira tímida, mas respeitosa para com o outro.
Abaixo, é possível observar um pouco da realização da atividade do boneco de força.
Fotograma e Genograma
A atividade do fotograma, fora realizada com os alunos do Ensino Fundamental Anos Finais, do sexto ao nono ano. De maneira simplificada e “modificada” os alunos do sexto e sétimo ano realizaram a atividade utilizando diferentes recursos como: vídeos, slides e desenhos.
Em um primeiro momento fora explicado a eles o objetivo do fotograma e do genograma conforme explicado à professora em seu curso de pedagogia sistêmica:
O fotograma é um trabalho que, aliado ao genograma, possibilita fazer conexões do que aconteceu na história de uma família e obter uma imagem completa do sistema. Dessa maneira é possível colocar símbolos e informações relevantes, por exemplo, a imagem de um mapa com muitos detalhes que existem. O fotograma é considerado uma espécie de álbum de fotografias da família, no qual procuramos uma seleção precisa de acontecimentos significativos do nosso processo de vida ligado à nossa linhagem. Um olhar de partes que nos conecta a um outro tipo de registros relacionados às dinâmicas familiares” (VILAGINÉS, 2008)
Após a explicação fora solicitado aos alunos que os realizassem de forma dinâmica, onde poderiam utilizar variados recursos para as suas exposições. A mesma, fora explicada em forma de recado aos pais, que junto a seus filhos realizaram em família a atividade. E assim, de maneira “divertida”, inspiradora e familiar os alunos usaram e abusaram da criatividade elaborando a atividade.
Abaixo, anexo algumas fotos do genograma realizados por alguns alunos do sexto ano.
O fotograma, realizado pelos alunos do sétimo ano, foram realizados em forma de vídeos, portanto não há possibilidade de anexo.
Conclusão
Com a realização de todas essas atividades, me fez pensar enquanto profissional o quanto conhecer, reconhecer e entender a nossa família é importante pois, nossa família é um sistema, um campo de energia no interior do qual, nós evoluímos e crescemos. Cada um, desde seu nascimento, vai ser uma parte deste todo. Afinal, somos uma junção de tudo, dos nossos pais e de seus ancestrais. Reconhecer e aceitar todas essas pessoas, com seus jeitos, costumes e maneiras de ser nos faz crescer e nos aceitar do jeito que somos. Além disso, nos mostra o quão diferentes somos, cada um com sua particularidade, as quais também nos foram concedidas. Aceitar as forças dos nossos pais e dos nossos ancestrais é nos aceitar e poder passar tudo isso e ver o entendimento deles ao realizarem todas essas atividades é muito gratificante, mais gratificante ainda é vê-los respeitando uns aos outros e também a seus pais. Isso não tem preço!
Bibliografia
FONSECA, Hellen Vieira da. As Aventuras da Professora Tina: Bonecos de Força. Brasília, Editar Editora e Artes, 2019.
VILAGINÉS, Mercé Traveset. La pedagogia sistêmica: fundamentos y prática. Barcelona: Editorial Graó, de IRIF, S.L 2008.
Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação – Instituto Hellen Vieira da Fonseca.