Histórias que se encontram na sala de aula

A oportunidade de colocar em prática os ensinamentos da Pedagogia Sistêmica veio logo na minha primeira aula dessa semana. Sofie chegou e como todos os dias, ao saber que a aula iria começar, engata no choro e chama a mamãe com as mãozinhas. Esse comportamento vem se repetindo desde o início do ano.

Como professora da Educação Precoce e com a formação em Pedagogia Sistêmica, venho exercitando a postura com todos os meus alunos, no entanto, ainda não tinha conseguido ter acesso a Sofie. Por que ela ainda chorava tanto!?

Após uma partilha com a Professora Hellen, ela me fez perceber o que o choro da Sofie me lembrava e para onde eu olhava, como professora e mamãe que sou também. Recebi as frases sistêmicas e fui experimentar. Abri meu coração sem medo, sem intenção, saí do julgamento com os pais e não tive expectativa nenhuma. Acolhi o choro! Olhei no olho da minha aluna e disse: “Eu olho para onde você olha. Eu vejo seu medo e a angústia quando a mamãe fica longe de você! Está tudo certo! Sabia que a tia Márcia tem uma filha e que ela também nasceu pequenininha, antes do tempo e ficou dias na UTI? É a Jéssica! E ela chorava muito porque ela queria a mamãe dela, sentia falta e queria ficar juntinho. E eu também queria ficar juntinho dela. Sua mamãe também! A mamãe está aqui no seu coração junto com o seu papai e eles te amam muito. Eu sou apenas a professora e agora só estamos na aula de educação física. Vamos fazer a aula e aproveitar. Daqui a pouco você vai para a mamãe! A minha filha hoje já é bem grande e tudo ficou bem! Está tudo certo com a sua história!”

Sofie parou de chorar, me olhava acolhendo minha história, e brincamos numa água bem gostosa. Quando vai para a mamãe, sempre chora. Descobri que essa é a sua linguagem com a mamãe e está tudo bem.

Marcia Lages/Educação Precoce, 2018.

Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação/Taguatinga-DF/IHVF