Lentes Sistêmicas: crianças com Transtorno do Espectro Autista-TEA
Meu nome é Vanda Dorea, conheço a Pedagogia Sistêmica desde 2012 quando comecei a colocar em prática os ensinamentos que recebi.
Primeiramente, observo que os efeitos e a prática são em nossa vida pessoal, depois, naturalmente, eles vão expandindo para a nossa vida profissional.
No ano de 2017 eu trabalhei com uma turma de Educação Infantil com 2 alunos com espectro autista. Foi um belo desafio!
Com o olhar e a postura sistêmica que conhecemos no curso de Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação do Instituto Helen Vieira da Fonseca, nós aprendemos a olhar para todos os alunos como iguais. Com isso, percebemos que cada um, no seu tempo e com sua força, dá conta.
Contudo, quando você entra em sala e depara-se com a realidade de trabalho, naquele momento, você começa a ficar em dúvida se realmente aquilo vai dar certo… (risos).
A primeira dificuldade enfrentada na relação com um aluno de espectro autista foi um episódio bem singular. Precisava decidir se deixava a porta da sala de aula aberta ou não, pois o aluno saía da sala o tempo todo. Essa situação foi me angustiando e angustiando também a monitora que trabalhava comigo nessa turma. Até os próprios alunos pediam para “fechar a porta senão o Carlinhos fugiria”.
Então, um belo dia acordei, respirei a força dos meus pais que há em mim e disse para a monitora que, naquele dia, nós íamos adotar uma atitude um pouquinho diferente. Disse-lhe que deixaríamos a porta aberta. Quando o “Carlinhos” foi chegando ao portão da escola, eu já olhei para ele com as minhas “Lentes Sistêmicas”. Imaginei-o caminhando com o seu papai e a sua mamãe ao seu lado, olhava para força dele e dizia, internamente, “eu vejo você, você dá conta, no seu tempo, está tudo certo, você tem um lugar no meu coração, você tem os pais certos… eu estou aqui para todos, eu sou apenas a professora, se você quiser aprender comigo, eu estou aqui.”.
Mantive-me nesse movimento o tempo inteiro com ele. Para a nossa grata surpresa, ele entrou na sala e nós já estávamos sentados na rodinha para começar a rotina do dia, cujo início se dava com a tomada do amor dos pais, um belo exercício em que eu levo dois potes transparentes, um com balinhas em formato de coração rosa e outro com formato de coração na cor azul, (cores que eles mesmo escolheram para diferenciar o papai e a mamãe). Nesse exercício, cada um segura um pote por vez, de olhinhos fechados e retira um coraçãozinho, coloca na boca, respira a força e toma o amor do papai e da mamãe. Assim estávamos do começo desse exercício quando “Carlinhos” entrou, sentou-se no meu colo e participou dele juntamente com todos. A partir desse dia as “fugas” da sala diminuíram 90%.
Concordar com o outro do jeitinho que ele é. Do jeito que ele é, é o certo.
Pérolas Sistêmicas entregues a nós. amorosamente pela nossa querida Professora Hellen Vieira da Fonseca.
Vanda Dórea, 2017.
Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação/Taguatinga-DF/IHVF